Quarta-feira, 27 de Junho de 2012
PGR processa agente da FIR que baleou mortalmente cidadão na Beira
A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai processar o agente da Força de Intervenção Rápida (FIR) que baleou, mortalmente, na noite da quarta-feira passada, na Beira, um jovem de apenas 22 anos de idade, no bairro da Manga.
Trata-se do jovem Manuel Domingos que, juntamente com o seu amigo, foi interpelado pelos agentes em causa, quando se fazia transportar numa mota. Os agentes exigiram documentação dos dois jovens e da respectiva mota. Como a mota não tinha iluminação, exigiram que a mesma fosse encaminhada para a esquadra mais próxima.
Manuel Domingos tentou sair em defesa do seu amigo ao sentir-se culpado. Um dos agentes, por sinal o autor do tiro fatal, que aparentemente estava embriagado, não gostou e agrediu o jovem. Manuel Domingos, ao pedir explicação da atitude do agente da FIR, foi de novo agredido e caiu. Ao levantar, saiu a correr, alegando que ia pedir socorro a um parente na sua casa. O polícia em causa pegou na sua arma e disparou contra o jovem, tendo-o atingido nas costas e na região do abdómen. A vítima caiu para nunca mais levantar.
Luís Nhama, tio da vítima do policial, contou, na altura, que ouviu o tiro e, assustado, saiu de casa para perceber a razão do mesmo.
“Cheguei até a pensar que a polícia estava atrás de um ladrão. Ao abrir a porta, deparo com uma pessoa estatelada no quintal e os vizinhos a chamar por ele. Afinal era o meu sobrinho. Reparei para o portão e vi um agente da FIR de arma na mão e em posição para abrir fogo. Aproximei-me e notei que estava embriagado. Quando ele fechou, por instantes, a vista rasteirei-o. Arranquei-lhe a arma e disparei um tiro para libertar a bala que estava na câmara. De seguida, desmontei o carregador e devolvi-lhe a arma. Não sabia que o meu sobrinho tinha sido gravemente ferido. Pensei que fosse apenas numa perna, porque, se soubesse, teria deixado os meus vizinhos e outras pessoas que passavam pela rua agredirem o polícia tal como pretendiam. Este polícia não merece estar nas fileiras da corporação. Levámos o meu sobrinho para hospital, onde veio a falecer”.