Terça-feira, 2 de Outubro de 2012
Afonso Dhlakama diz que continua a sentir-se injustiçado após 20 anos de paz
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que, em 1992, assinou o acordo de paz com o ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano, disse não estar arrependido dessa decisão, mas queixou-se de "injustiças e humilhações".
O Acordo Geral de Paz para Moçambique, assinado a 04 de outubro de 1992, em Roma, sob a égide da Comunidade de Sant'Egídio, pôs termo a 16 anos de guerra civil, entre a Renamo e o Governo da Frelimo, e introduziu um sistema multipartidário no país.
"Havíamos de assinar, na mesma, porque a Frelimo, naquela altura, perdendo a guerra, estava a aceitar todas as condições impostas pela Renamo, que eram a democracia multipartidária, a economia de mercado, a justiça, direitos humanos, a criação de um exército único", disse Dhlakama à Lusa, em Nampula, cidade no norte de Moçambique, onde reside desde há dois anos.
O líder do principal partido da oposição moçambicana defendeu que, após ter assinado o acordo," a Frelimo sentiu-se aliviada, porque o seu problema não era da democracia, nem da paz, nem da justiça, mas o de escapar" à derrota militar.
"Mas, mesmo assim, eu não estou arrependido, só que estou preocupado porque somos atacados militarmente até hoje, somos excluídos de tudo e espezinhados", acusou.
"Sinto-me emocionado, 20 anos de paz a ser excluído, a ser espezinhado quando me sinto poderoso para desfazer tudo. Então, significa que sou um líder de facto", acrescentou.
Raptos: Bakhir Ayob foi solto
O empresário Bakhir Ayob foi esta segunda-feira posto em liberdade pela juíza de instrução criminal, Helena Kida, por “fragilidades no processo e insuficiência de provas” que sustentem a manutenção da sua prisão.
Enquanto isso, o processo, segundo Kida, vai prosseguir os trâmites legais.
Bakhir Ayob, detido na última sexta-feira em Maputo, por alegado envolvimento no sequestro e assassinato de empresários na capital do país, vai permanecer em liberdade por termo de identidade e residência.
A juíza Helena Kida, em declarações à Televisão de Moçambique (TVM), afirmou que decretou a libertação do empresário por ter constatado fragilidades do processo e insuficiência de provas que sustentem a manutenção do suspeito.
Assim, de acordo com a juíza, os investigadores têm agora a missão de apresentar provas sobre os crimes de que o empresário é acusado.
O advogado de Bakhir Ayob, também em declarações à estação pública de televisão, disse acreditar na inocência do seu constituinte.
Hélder Luís, argumentou que não existem provas de que o seu constituinte esteja envolvido nos casos de sequestro e assassinato de empresários, fenómeno que vinha abalando as cidades de Maputo e Matola desde finais do ano passado.
Para ele, o facto de uma pessoa levar uma vida faustosa não é crime em Moçambique. “Todo o cidadão é livre de se entreter, de se divertir, de fazer o que estiver dentro das suas posses”, disse o advogado.
O empresário Bakhir Ayob foi detido na sequência de uma denúncia feita por um declarante num outro processo por motivos similares, mas sem provas que o indiciem na prática de sequestros e assassinatos.
Por estar em liberdade por termo de identidade e residência, o empresário agora em liberdade deverá apresentar-se quinzenalmente na procuradoria da província de Maputo.